segunda-feira, 9 de maio de 2016

O Espírito da Empresa! – Parte 1

A presente reflexão foi emitida já há algum tempo mas, dada a intenção deste espaço, pareceu-me pertinente retomá-la. Sempre tive uma teoria sobre o "Espírito da Empresa"(…). Certa vez, almoçando em um restaurante que frequento,  a qualidade do atendimento trouxe a teoria de volta à minha mente.

Antes da análise de exemplos práticos cabe apresentar a teoria. Acredito existir um espírito subjacente a cada empresa, que trespassa, absorve e define cada área e indivíduo da mesma. Algo nos moldes do Leviatã de Hobbes, mas tão profundo que beira o metafísico. Um indivíduo recém-contratado tem três caminhos:
  1. Ele já possui um espírito compatível com o da empresa. Ele permanece e prospera.
  2. Ele não possui tal compatibilidade, mas já apresentava inclinações que facilitaram a criação de uma: ele se adapta e prospera.
  3. Ele possui incompatibilidade inconciliável: ele sai, muitas vezes sem sequer a necessidade de ser demitido.
Este espírito, parece-me, nasce do fundador ou presidente da empresa e escorre por todos os níveis. Ocorrem desvios, é claro, mas o conceito básico permanece. Para ilustrar passemos aos exemplos práticos. Como o restaurante mencionado acima representa o ápice de minha escala qualitativa o analisarei por último. Iniciemos o estudo por uma empresa que conheci anos atrás.
A inclinação básica do espírito daquela empresa era a do "lucro a todo custo". O sacrifício dos funcionários e dos clientes era irrelevante, desde que o fluxo de aquisição tanto de clientes quanto de funcionários mantivesse o pêndulo financeiro tendendo ao lucro. Obviamente, conheci muita gente de bem, profundamente comprometida com o cliente e a ética (eu disse que há desvios), mas boa parte deles não está mais lá (eu disse que os desvios saem).
Antes desta, trabalhei no já falecido Banco Real. Era destes grupos que dá orgulho em dizer que você faz parte. A preocupação com a sociedade e o meio ambiente escorria do presidente até a base. Separávamos o lixo para reciclagem no escritório e em casa. No refeitório havia fichas de congratulações para quem devolvesse o prato vazio (não desperdice alimentos. Não ponha no prato mais do que precisa). Para compartilhar a responsabilidade o banco fazia doações de alimentos para comunidades carentes, porém, o volume de doações era inversamente proporcional ao volume de pratos com restos entregues no refeitório (quem já trabalhou em um lugar assim?).
Antes do Real trabalhei no Unibanco. Era uma empresa técnica. Não senti o compromisso do Banco Real nem a ganância da outra empresa. O compromisso era com os processos. Áreas bem desenhadas, equipes bem treinadas, ação rápida sobre desvios (eu já disse que sempre há desvios né?), etc. Um lugar extremamente promissor.
No ápice de minha escala duas empresas completamente diferentes no ramo, mas irmãs no espírito, na qualidade.² Por ora reflita um pouco sobre os exemplos dados. Caso sua companhia ou você mesmo sejam representantes destes tipos de espírito, não encare isto como problema. Lembre-se que uma das três bases do nosso projeto é a Crítica. Ter senso crítico é diferente de criticar. Voltando ao dicionário¹ temos que Crítica é a “apreciação minuciosa”, a “discussão para elucidar fatos e textos” e também a “parte da Filosofia que estuda os critérios”. Há outras definições menos nobres, mas não estamos aqui para censurar, apontar o dedo e criar tensões. A Crítica, para nós, é a avaliação honesta das características e critérios de nossas relações e postura profissionais com a finalidade de garantir o aprimoramento constante. Aproveite este tempo para avaliar-se de maneira crítica. Até a próxima publicação.
Notas:
  1. Fonte: http://michaelis.uol.com.br/ - Acesso em 05/08/2015
  2. O presente texto é uma adaptação de “O Espírito da Empresa”, originalmente publicado em junho de 2014 em “Outros Diálogos”, disponível para consulta on-line e em livro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário